REFLETINDO O PROCESSO PEDAGÓGICO A PARTIR DAS TIC's

Thursday, October 19, 2006

Considerações dos textos PROA 01

Quando refletimos o nosso atual modelo de educação, percebemos o quão defasado ainda está em relação aos avanços da Ciência e das Novas tecnologias da Informação e da Comunicação. Vivemos em um mundo em constante transformação e a escola ainda reflete o passado, insistindo em modelos comprovadamente fracassados. Apesar de a cada dia surgirem novas práticas educacionais que tentam romper com as características do ensino Tradicional, a escola, na sua maioria, ainda continua seriada, com o ensino compartimentado, priorizando a quantificação (notas) e não a qualidade do ensino, bem como o cumprimento do conteúdos curriculares. Conteúdos estes, que muitas vezes, são inseridos no processo ensino-aprendizagem de forma mecânica, descontextualizada e longe de atender os interesses e as necessidades dos alunos.
Voltando o olhar para o universo da escola em que trabalho, percebo a dificuldade dos professores em romper com o esquema colocado. Existem aqueles (poucos) que tentam fazer diferente, trabalhando com projetos de aprendizagem, priorizando assim o interesse e o universo dos seus alunos, questionando-os e instigando-os constantemente, oferencendo aos mesmos diversas possibilidades de acesso às informações e ao conhecimento produzido pela humanidade (Arte, cultura, história, etc). Estes professores, muitas vezes, são criticados e olhados com ressalva pelos próprios colegas. Acho que este movimento é formado a partir da "ignorância" e "incredulidade" de muitos docentes que não sabem, ou que não estão preparados para fazer diferente. Em contrapartida, existem os professores (a maioria) que, com a jornada de trabalho excessiva, ainda priorizam, a utilização do livro didático e estão preocupados com o cumprimento dos conteúdos estabelecidos no currículo escolar. Às vezes, estes mesmos professores tentam inovar inserindo no processo ensino-aprendizagem a utilização de outros recursos didáticos como saídas de campo, exibição de vídeos, utilização da Internet e outros. Entretanto, o essencial verdadeiramente não é mudado, pois o ensino continua focado na transmissão de conteúdos, sendo o professor o principal transmissor do conhecimento, decidindo, assim, o que é mais importante ser estudado; conteúdos estes, como já disse antes, que não atendem as necessidades dos alunos e que jamais serão utilizados para a resolução de problemas da vida cotidiana dos mesmos.
Trabalhar com projetos de aprendizagem exigem do professor um desprendimento de muitas práticas existentes na escola, bem como o aperfeiçoamento constante. Apesar de vivenciarmos, fisicamente, um modelo de escola defasado acredito tem espaço para mudança. Deste modo, o professor assume o papel de problematizador e mediador do processo, estabelecendo um diálogo entre os conhecimentos individuais e os conceitos/conteúdos, tendo como ponto de partida a problematização. É através da problematização de questões do interesse e do universo dos alunos que estes se sentem instigados à buscarem soluções e respostas para as questões levantadas por eles mesmos; processo este que os levam a apropriação e construção de novos conhecimentos. Basta nos reportarmos até nossa vida escolar e veremos que o que realmente aprendemos foram os conteúdos e conceitos que nos despertaram interesse e nos foram útil na vida cotidiana. Já a grande maioria do que estudamos na escola não ficou guardado, pois não nos apropriamos verdadeiramente desses conhecimentos (não houve acomodação). Quanto ao vestibular, muitos das informações úteis para aprovação (regras, fórmulas), foram apenas guardadas para utilização naquele momento, pois se tivermos que voltar a prestar novos vestibulares ou concursos será necessário estudar, novamente, muitos destes conteúdos. Por outro lado, a capacidade de leitura, interpretação e escrita é de grande valia para realizarmos quase todas as atividades da vida cotidiana. Sendo assim, se sairmos da escola lendo, interpretando e escrevendo bem, certamente estaremos preparados para a vida. Porém, não será apenas utilizando o livro didático e decorando fórmulas e respostas prontas que iremos exercitar a leitura, a interpretação e a produção crítica. É necessário romper com os limites estabelecidos pelos ensino tradicional que não prepara o educando nem para a vida e nem para a prestação de concursos e vestibulares.
O mais importante é que o professor, enquanto um articulador e problematizador, deve buscar ampliar os horizontes escolares, sempre com uma atuação carregada de solidariedade, amor e confiança nos sujeitos. É preciso, partir do contexto vivenciado e através da mediação e problematização, juntos educador-educandos irem além desse olhar, estabelecendo trocas e discussões de forma a superar as contradições e construir novos conceitos que possam ser aplicados na prática, gerando mudança de atitudes e estabelecendo papéis sociais.
Quando digo que podemos e temos que mudar, entendo que estamos vivenciando um processo, por isso é normal que existam contradições, resistências, e questionamentos. Para trabalhar com projetos de aprendizagem o professor realmente deve compreender e acreditar nesta metodologia de trabalho. Teoria e prática precisam ser condizentes, sendo que o professor se torna um importante agente de mudança.
Sendo assim, entendo que é preciso, antes de tudo, investir na formação de professores para que estes assumam uma prática menos conteudista e mais construtivista, sem medo do novo, e que se reconheçam como problematizadores, mediadores e também aprendizes. Professores estes que, constantemente, reflitam e avaliem o processo, procurando se libertar dos ranços do ensino tradicional e oferecer novas oportunidades de “construção de conhecimentos” aos seus alunos.

2 Comments:

  • At 3:59 PM , Blogger Elke said...

    Conseguiste integrar todos os textos, em suas considerações. Não teria pertinência mesmo, falar isoladamente de cada um, pois não seria tão enriquecedor. O estabelecimento de relações entre os conteúdos dos textos torna a leitura mais consistente, clara e crítica. Os seus relatos de experiências esclarecem dão sustentação aos pressupostos teóricos relacionados no seu texto.
    Você já deve ter visto o meu blog, e constatado que também prefiro trabalhar dentro desta perspectiva.
    Um abraço, Elke.

     
  • At 4:06 AM , Blogger Iris said...

    Olá, Luciane

    Gostei muito da ponte que fazes entre os textos lidos e o que observas na tua prática.
    Por que paraste? Não deixa de atualizar este espaço, registrando tua caminhada. Vais que que instrumento interessante ele configura.
    Abra@os, Iris

     

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